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"O mais importante na minha vida é escrever."
Murilo Rubião

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Perfil biográfico

MURILO RUBIÃO (Murilo Eugênio Rubião), Silvestre Ferraz (atual Carmo de Minas), MG, 01 de junho de 1916 — Belo Horizonte, 16 de setembro de 1991. 

Advogado, funcionário público e jornalista, Murilo Rubião se tornou conhecido como contista, sendo considerado pela crítica literária brasileira e internacional o precursor do realismo fantástico (ou mágico) latino-americano. 

Filho do filólogo, jornalista, poeta e professor Eugênio Álvares Rubião e de Maria Antonieta Ferreira Rubião, Murilo fez seus primeiros estudos nas cidades de Conceição do Rio Verde e Passa Quatro, em Minas Gerais. Muda-se para Belo Horizonte, onde conclui o primário no Grupo Escolar Afonso Pena, o ginasial no Colégio Arnaldo e, em 1942, o bacharelado em Direito na Faculdade de Direito. 

A atividade na imprensa, como redator da Folha de Minas, inicia-se na época da faculdade, quando funda com um grupo de estudantes, em 1939, a revista Tentativa. Posteriormente, exerce a função de redator da Folha de Minas e das revistas Bello Horizonte e Mensagem. 

Em 1943 assume a direção da Rádio Inconfidência de Minas Gerais e, fato pouco conhecido, trabalha como professor nos colégios Sagrado Coração de Jesus e Arnaldo. Dois anos mais tarde, em 1945, Murilo é eleito vice-presidente da Associação Brasileira de Escritores (seção de Minas Gerais) e chefia a delegação mineira no 1º Congresso de Escritores, realizado em janeiro de 1945, em São Paulo. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1949, a fim de trabalhar como chefe da seção de documentação da comissão do Vale do São Francisco. Retorna a Belo Horizonte em 1950, convidado pelo Governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitscheck, para assumir a função de oficial de gabinete, passando logo a chefe de gabinete. No mesmo ano é designado Diretor interino da Imprensa Oficial e do jornal Folha de Minas. 

Entre 1956 e 1960, exerce os cargos de Chefe do Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil em Madri e de Adido Cultural junto à Embaixada do Brasil na Espanha. De regresso ao Brasil, reassume suas funções de Assessor Técnico-Administrativo do Estado de Minas Gerais, sendo designado, em 1961, para a redação do jornal oficial do Estado, o Minas Gerais. Em 1966, é designado pelo governador Israel Pinheiro para organizar o Suplemento Literário do Minas Gerais, publicação que dirige até 1969 – quando assume a chefia do Departamento de Publicações da Imprensa Oficial. Até os dias de hoje o Suplemento é tido como um dos melhores órgãos de imprensa cultural do país, sendo reconhecido internacionalmente por seu trabalho de difusão e mediação cultural. Em suas páginas foram editados trabalhos de Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Emílio Moura, Abgar Renault, Roberto Drummond, Adão Ventura, Laís Corrêa de Araújo, Affonso Ávila, Julio Cortázar e Ana Hatherly, entre outros grandes nomes da literatura brasileira e estrangeira. 

Entre os vários cargos públicos que Murilo Rubião ocupou, cabe, ainda, destacar os seguintes: Diretor do Serviço de Radiodifusão do Estado de Minas Gerais, Superintendente da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, Diretor da Imprensa Oficial de Minas Gerais, Diretor da Escola de Belas Artes de Belo Horizonte (Escola Guignard), Diretor da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), Presidente da Fundação Madrigal Renascentista e Presidente do Conselho Estadual de Cultura de Minas Gerais. 

Por sua obra literária, Murilo Rubião recebeu o Prêmio Othon Lynch Bezerra de Mello (1948), conferido pela Academia Mineira de Letras, e o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa (1975), do PEN Club do Brasil. Além disso, seus contos foram traduzidos e publicados em diversos países, como Alemanha, Argentina, Bulgária, Canadá, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México, Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca e Venezuela. Desde a década de 1970 até o presente, suas narrativas vêm sendo adaptadas para o cinema (“A armadilha”, “O pirotécnico Zacarias”, “O ex-mágico da Taberna Minhota” e “O bloqueio”) e para o teatro (“A lua”, “Bárbara”, “Os três nomes de Godofredo”, “Memórias do contabilista Pedro Inácio” e “O ex-mágico da Taberna Minhota”). 

Seus documentos pessoais (correspondência, fotografias, manuscritos e objetos pessoais) e sua biblioteca pessoal foram doados por sua família para o Acervo de Escritores Mineiros, sediado na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde se encontram disponíveis para consulta. 

Sua obra é constituída pelos livros: O ex-mágico (1947); A estrela vermelha (1953); Os dragões e outros contos (1965); O pirotécnico Zacarias (1974); O convidado (1974); A casa do girassol vermelho (1978); O homem do boné cinzento e outras histórias (1990). Postumamente, foram publicados os volumes Mário e o pirotécnico aprendiz: cartas de Mário de Andrade e Murilo Rubião (organizado por Marcos Antônio de Moraes, 1995), Contos reunidos (1998) e Mares interiores: correspondências de Murilo Rubião & Otto Lara Resende (organizado por Cleber Araújo Cabral, 2016).